O Meio utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência. Ao navegar você concorda com tais termos. Saiba mais.

As notícias mais importantes do dia, de graça

Meio de Campo

O futebol e sua história. Com Diego Ambrosini e Idelber Avelar | Toda sexta, às 10h15

Assine para ter acesso básico ao site e receber a News do Meio.

Roubo? Nada! A Argentina campeã de 1978

Se você não assistiu aos jogos principais da Copa de 1978 e transita pelos meios futebolísticos brasileiros, você provavelmente foi levado a acreditar em uma série de mitos e distorções. Neste episódio do Meio de Campo, fazemos o que é a proposta do pod desde o início: assistir aos jogos com atenção e sintetizar para você o que aconteceu em campo. Sem ignorar o clima de pesadelo instalado pela sanguinária ditadura militar argentina, nós focalizamos, com lupa, o futebol: o móvel, inovador e fulminante 4-3-3 de César Luis Menotti; o genial craque Mario Alberto Kempes; a inexistência de qualquer erro ou sequer polêmica de arbitragem nos jogos da Argentina; as costumeiras e fáceis vitórias da Argentina sobre o Peru entre 1974 e 1978 (dessa você não sabia, confesse?); o espetacular Argentina 2 x 1 França, um dos melhores jogos das Copas modernas. Também explicamos as desastrosas escolhas do Capitão Cláudio Coutinho para o monstrengo sem amplitude que o Brasil colocou em campo.  Este episódio do Meio de Campo desfaz alguns mitos sobre a Copa de 1978 e sua campeã.

O Palmeiras de Telê Santana (1979)

Em meio à enorme lista de taças conquistadas pelo Palmeiras, esta equipe ficou um pouco esquecida. Belo, inovador, surpreendente e capital para a história do futebol brasileiro, o Palmeiras de Telê Santana não foi coroado com um título. Mas em três das quatro competições que disputou nos doze meses de Telê no clube -- de fevereiro de 1979 a fevereiro de 1980 --, o Palmeiras foi dominante. Apenas na Libertadores, realizada logo depois de sua chegada, a participação do time foi modesta. No Paulistão de 1978, cujas fases finais foram jogadas em 1979, no Paulistão de 1979 e no Brasileirão do mesmo ano, o Palmeiras foi arrasador.  Este episódio do Meio de Campo te conta essa história, com foco na partida que consagrou o time jovem, aplicado e criativo (mas sem craques) de Jorginho, Baroninho, Pedrinho, Gilmar e Jorge Mendonça: o 4 x 1 sobre o estrelado Flamengo no Maracanã, o jogo que terminou levando Telê Santana à seleção brasileira.

Defesa à italiana: o Catenaccio

Onde os italianos aprenderam a defender tão bem? Por que aprendemos a respeitar e admirar a arte da defesa à italiana? Este episódio do Meio de Campo te conta o começo de todo caso de amor dos italianos com a defesa bem montada: o catenaccio, esquema tático desenvolvido na Itália nas décadas de 1950 e 1960. O grande sucesso do catenaccio se deu com a Internazionale de Milão dirigida pelo argentino Helenio Herrera, liderada em campo por Sandro Mazzola e consagrada com um bicampeonato europeu em 1964 e 1965. Mas as origens do catenaccio são antigas e incluem um precursor austríaco, Karl Rappan, e dois italianos, Gipo Viani e Nereo Rocco. Neste episódio do Meio de Campo, você vai saber por que as redes dos pescadores serviram de imagem mítica da invenção do líbero, o zagueiro recuado que fica na sobra.

A Copa de 1962: Brasil bicampeão

A Copa de 1962 consolidou o Brasil como a grande potência do futebol da época. Ela é conhecida como a Copa de Garrincha, ponta-direita brasileiro que impactou o resultado da competição em um nível que outros campeões não haviam tido até então. Para nós, brasileiros, ela foi também a Copa da contusão de Pelé e da entrada de Amarildo, o possesso. Para as táticas, 1962 foi a Copa que representou o fim definitivo do WM e a transição do Brasil, a equipe mais avançada taticamente de seu tempo, do 4-2-4 para um 4-3-3 firme, com Zagallo sempre voltando para recompor o meio-campo. Para os chilenos, foi a Copa do terremoto, marcada pelo trauma de uma devastação até então desconhecida. Foi uma Copa com jogos violentíssimos, muito especialmente o Chile x Itália marcado pela revolta chilena com um artigo de dois jornalistas italianos sobre a precariedade da hospedagem. 1962 foi a primeira Copa em que a média de gols foi inferior a 3,5. A média de 2,78 gols por jogo foi chocantemente baixa para a época. Ela inaugurou uma era curiosa no futebol: daí em diante, nunca mais a média de gols por jogo nas Copas foi superior a 3 nem inferior a 2. Este episódio do Meio de Campo te conta a história do bicampeonato mundial do Brasil.

A Democracia Corintiana dentro e fora do campo

No começo dos anos 1980, ainda sob ditadura militar, um movimento inovador, inédito, sacudiu o futebol brasileiro: a democracia corintiana.  Entre 1981 e 1984, Sócrates, Casagrande, Wladimir, Zenon, Biro-Biro e outros jogadores do Corinthians protagonizaram uma verdadeira revolução. O projeto era que tudo fosse discutido entre todos, em uma espécie de praça democrática na qual o voto do roupeiro valia tanto como o do craque do time.  Votava-se sobre o esquema tático, sobre existência ou não de reclusão obrigatória antes dos jogos, sobre novas contratações. Do lado de fora, a resistência ao experimento foi forte: diziam que com democracia não se ganhava nada. O Corinthians da democracia foi bicampeão paulista em uma época em que os estaduais valiam muito e o São Paulo e a Ponte Preta possuíam poderosos esquadrões. Este episódio do Meio de Campo te conta a história da Democracia Corintiana, recheado com uma análise tática de sua última grande vitória em campo, o 4 x 1 sobre o Flamengo nas quartas-de-final do Brasileirão de 1984.

O maior Galo de todos os tempos (1976-1987)

A partir de meados da década de 1970, o Atlético Mineiro consolidou aquela que seria a geração mais encantadora de sua história.  Reinaldo, Cerezo, Danival, Paulo Isidoro, Marcelo e, depois, Luizinho, Éder, Nelinho foram os grandes destaques daquele time. Nesse período, o Galo venceu 10 de 12 campeonatos mineiros. Venceu os torneios de Berna, Bilbao, Paris, Amsterdã e Vigo, em uma época em que esses torneios eram bem mais valorizados que hoje. Foi o recordista de pontos no Campeonato Brasileiro.  Chegou a várias semifinais e duas finais do Brasileirão, mas não coroou o seu brilhantismo com um título nacional ou internacional oficial. Este episódio do Meio de Campo analisa uma partida pouco conhecida desse Galo, uma vitória de 3 x 1 sobre a Seleção Francesa que havia acabado de empatar com o Brasil no Maracanã.

Por que o Brasil perdeu 1982?

A Copa de 1982 é a mais chorada pelos brasileiros na era moderna. Um Brasil encantador e aparentemente imbatível foi eliminado por uma Itália que não havia vencido um jogo sequer na primeira fase. Em uma derrota que teve ares de tragédia nacional, os torcedores brasileiros se dividiram sobre a culpa: seria de Serginho Chulapa, que nitidamente destoava do talento do time? Seria de Cerezo, que atravessou a bola que levou ao segundo gol da Itália? Seria de Júnior, que permaneceu estático na cobrança do escanteio e habilitou Paolo Rossi no terceiro gol? Abandonando a busca por um bode expiatório, este episódio analisa a derrota do Brasil taticamente, como uma problema coletivo. Passamos por toda a preparação da seleção para a Copa, observando as saídas utilizadas pelo técnico Telê Santana para povoar o lado direito do campo ao longo dos anos de 1980 e 1981, e discutimos as improvisações adotadas por ele durante a Copa em 1982.

O tri do Flamengo que mudou o futebol

Este episódio é dedicado ao Flamengo 4 x 1 América-RJ que decidiu o Campeonato Carioca de 1955 e sacramentou o segundo tricampeonato estadual rubro-negro. A partida foi disputada em 04 de abril de 1956, no Maracanã, com a presença de um incrível público de 139.000 pessoas que incluía o Presidente da República, Juscelino Kubitschek. Quando contratou o técnico paraguaio Fleitas Solich, em 1953, o Flamengo amargava um jejum de nove anos sem títulos. Vencedor do Sul-Americano de 1953 com a seleção de seu país, Solich chegava como um grande inovador tático. O tricampeonato de 1953-55, conquistado sob a batuta do paraguaio, consolidou de uma vez por todas a linha de quatro defensores e a marcação por zona, que são características do futebol brasileiro depois exportadas para o resto do mundo. O inventor da linha de quatro, o mineiro Martim Francisco, que havia vencido o Campeonato Mineiro de 1951 com o Villa Nova, estava do outro lado, tendo comandado o América-RJ nos vice-campeonatos de 1954 e 1955 antes de ser demitido às vésperas desta final. A final de 1955 foi jogada, portanto, entre os dois clubes que inovaram taticamente no Rio de Janeiro daqueles anos, abandonando a camisa-de-força do WM e da diagonal. Formado por lendas rubro-negras como Dequinha e Pavão, e craques depois consagrados no futebol brasileiro, como Joel, Dida, Evaristo e Zagallo, o time de 1955 tem importância capital para o crescimento do Flamengo e papel destacado na história das táticas no futebol.

Cruzeiro 5 x 4 Internacional (Libertadores de 1976

Este é considerado um dos maiores jogos da história do futebol brasileiro. O Inter havia derrotado o Cruzeiro na final do Campeonato Brasileiro de 1975 por 1 x 0, em um jogo caracterizado pela supremacia das defesas sobre os ataques e pelas defesas antológicas de Manga em chutes de Nelinho. Na revanche, jogada pela Copa Libertadores, em 07 de março de 1976, no Mineirão, os ataques superaram as defesas, em um jogo espetacular, vencido pelo Cruzeiro por 5 x 4. A atuação de Joãozinho, com dois gols, uma assistência, e a jogada do pênalti decisivo, nos coloca uma pergunta interessante: em que momento devemos abandonar a análise tática e simplesmente dizer que um craque decidiu o jogo individualmente? Os erros de Figueroa, zagueiro brilhante que teve ali a pior partida de sua carreira, são um lembrete de que é sempre errado fazer avaliações peremptórias sobre um atleta baseado em um jogo. As espetaculares jogadas ofensivas que vemos aqui, cotejadas com alguns erros defensivos elementares, nos jogam na velha discussão: qual é o limite entre uma partidaça com muitos gols e uma pelada? Este episódio homenageia um dos times mais encantadores da história do Cruzeiro e um de seus craques mais geniais, Joãozinho.

A Canarinho hostilizada: MG, RS e BA detonam a seleção

O Brasil é a única potência do futebol em que uma parcela minoritária, mas significativa, da população torce contra a seleção nacional. O tamanho dessa minoria oscila, mas ela existe sempre, e se move por motivos ora políticos, ora regionais, ora estritamente futebolísticos. O episódio desta semana do Meio de Campo analisa três jogos paradigmáticos desse fenômeno: Atlético Mineiro 2 x 1 Brasil (1969), Seleção Gaúcha 3 x 3 Brasil (1972) e Brasil 3 x 1 Venezuela (1989). No "amistoso" (que de amigável nada teve) disputado no Mineirão em 1969, as feras de Saldanha comemoravam a classificação para a Copa e foram recebidas pelo Galo e pela maioria da torcida mineira com imensa motivação, já que a seleção incluía dois cruzeirenses, Piazza e Tostão, no time titular. Em 1972, já tricampeã, a Canarinho foi recebida em Porto Alegre com inédita união de gremistas e colorados na hostilidade a ela. Protestava-se contra a não convocação do lateral gremista Everaldo. A não convocação de um jogador da região também foi o estopim para a hostilidade baiana à seleção em 1989, quando se esperava que Charles, centroavante do Bahia, estivesse entre os selecionados. Este episódio é um mergulho nas idiossincrasias regionais brasileiras e na frequente cegueira do comando do futebol nacional, localizado no eixo RJ-SP, sobre as aspirações do resto do país.